Uso de Álcool e Outras Drogas na Quarentena

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Após várias semanas de distanciamento social, nossas rotinas e hábitos, inclusive em relação a uso de drogas tem mudado. A nossa volta, seja no trabalho de campo na rua, seja em contato virtual com amigues, temos notado que essa relação está diferente e que novas estratégias serão necessárias para cuidar de pessoas usuárias durante e depois da pandemia. Como a Redução de Danos (RD) pode contribuir na construção do cuidado do amanhã? Quais estratégias precisamos para essa nova realidade? É isso que queremos descobrir juntes a partir de algumas reflexões que serão provocadas com o questionário “Uso de Álcool e Outras Drogas na Quarentena”.

O questionário foi inicialmente idealizado pelo projeto Échele Cabeza, vinculado à organização Acción Técnica Social, na Colômbia, e foi aplicado no país no mês de março de 2020. A adaptação e realização dessa pesquisa no Brasil é fruto de uma parceria com o ResPire Redução de Danos, projeto do Centro de Convivência É de Lei e o Grupo de Pesquisas em Toxicologia da Universidade de Campinas (Unicamp), uma vez que está vinculado à pesquisa de doutorado da redutora de danos Ana Cristhina Sampaio Maluf. A pesquisadora faz parte do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp tendo como tema do doutorado “Análise de substâncias psicoativas como estratégia de redução de danos em contextos de festa: um estudo piloto”.

A análise de substâncias tem se mostrado uma estratégia eficaz de redução de danos uma vez que um dos principais riscos que as pessoas usuárias enfrentam, além da falta de acesso à informação e cuidado em saúde, é a incerteza sobre a composição das substâncias. É comum o uso de adulterantes ou substituintes que buscam produzir efeito similar, no entanto, tais substâncias podem apresentar toxicidade desconhecida ou bem mais alta que a das substâncias que imitam. É o caso, por exemplo, das Novas Substâncias Psicoativas (NSP), que são criadas para burlar os controles das listas de substâncias ilícitas ou controladas internacionalmente. As análises são geralmente realizadas em festas, onde é comum o uso de substâncias e a socialização de pessoas usuárias e, portanto, um importante espaço para disseminar informações, formar vínculos  e construir coletivamente estratégias de cuidado.

No entanto, a necessidade de distanciamento social imposta pela pandemia, mudou radicalmente esse cenário de festas. Ainda não se sabe quando será possível voltar a realizar eventos, que gerem aglomeração de pessoas, sem colocar em risco a saúde e a segurança de todes. Como as pessoas então se sentindo com essa mudança repentina nos espaços de interação social? Será que estão encontrando formas alternativas de socialização? Formas satisfatórias? Como está o convívio dentro de casa? Como todas essas questões influenciam o uso de substâncias? Será que os usos, antes restritos a contextos festivos e de socialização, ficam também suspensos? Ou apenas se alteram? De que forma? Para quais substâncias?

Tendo em vista a forma abrupta e sem precedentes com que ocorreram todas essas mudanças, tem-se hoje um cenário inédito, que necessita ser estudado e melhor compreendido para que se possa propor estratégias mais adaptadas. Assim, a realização dessa pesquisa online se tornou uma possibilidade de continuar refletindo sobre o uso, estratégias de cuidado e insumos, sob a perspectiva da redução de danos, que nos ajudem a lidar com as questões relacionadas ao uso de drogas durante e depois da pandemia.

Vamos falar de uso de drogas? Bora abrir o armário psicodélico das nossas vidas de forma totalmente sigilosa e anônima?! Responda o questionário, compartilhe com amigues e venha interagir conosco nas redes sociais.

 

Essa pesquisa é voltada para pessoas usuárias de substâncias psicoativas legais ou ilegais, maiores de 18 anos e residentes no Brasil, tendo sido devidamente apreciada e aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisas (CEP).

 

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