Nas atividades de campo, acessamos as pessoas usuárias de drogas em seus contextos de uso. Atuamos historicamente na região da Luz, conhecida como “Cracolândia”, onde se concentram muitas pessoas usuárias de crack, no entanto, também atuamos em diversos territórios onde há situações de vulnerabilidades.

Nossa proposta é que, por meio do vínculo estabelecido com os usuários e as usuárias, possamos trabalhar a noção de autocuidado, além de pensarmos conjuntamente em estratégias de cuidado frente aos riscos e danos relacionados ao uso de diferentes substâncias. 

Temos como insumos de prevenção: piteiras de silicone, que têm a proposta de incentivar o uso individual do cachimbo (nos casos de uso da cocaína fumada/crack); protetores labiais, que protegem e colaboram na cicatrização de fissuras e queimaduras causadas pelo uso constante do cachimbo de alumínio; preservativos internos, externos e gel lubrificante, para diminuir riscos frente às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), HIV/aids e Hepatites Virais, além de folders com informações sobre cada umas das substâncias mais presentes na vida das pessoas com quem trabalhamos: cocaína/crack, álcool e maconha. Além destes materiais terem funções concretas de prevenção, as aproximam da equipe de redução de danos, e apresentam a proposta do nosso trabalho: pensar formas de cuidado efetivas.

Entendemos que diferentes contextos, muitas vezes, necessitam de olhares particulares. Por isso, atuamos principalmente em três frentes diferentes, desenvolvendo estratégias específicas para cada uma delas:

Pessoas em situação de rua

Desde o início da nossa atuação, partimos do entendimento de que uma pessoa em situação de rua está exposta a um risco ampliado em relação ao uso de drogas, por enfrentar situações de vulnerabilidade em diversos espaços, principalmente no acesso a direitos básicos, desde alimentação e água até equipamentos públicos de saúde e assistência social.

Essas situações são agravadas a depender de marcadores sociais que muitas vezes se sobrepõem: mulheres, mães, LGBTQIAP+, pessoas negras, migrantes, pessoas em situação de sofrimento psíquico, passagem no sistema de justiça criminal, pessoas que trabalham com sexo, pessoas vivendo com HIV e pessoas que fazem uso de drogas. 

Para o É de Lei, as drogas, ao invés de serem a raiz dos problemas, geralmente se mostram como um remédio possível, dado o contexto de vulnerabilidade. Por essa razão, a redução de danos se apresenta como uma ética de cuidado aliada a um conjunto de diversas intervenções possíveis para quebrar o ciclo de vulnerabilidades que envolve a maioria das pessoas atendidas pelo É de Lei.

Mulheridades

A presença de mais mulheres redutoras de danos nos últimos anos promoveu um aumento significativo de abordagem às mulheres e às populações LGBTQIAP+.

Em decorrência disso, duas novas iniciativas foram adotadas pela equipe de redutoras de danos: o Campo Feminino e a Convivência para Mulheres. Neles, buscamos abrir um espaço seguro onde mulheres cisgêneras, trans, travestis e pessoas não binárias possam compartilhar as particularidades das intersecções com o uso de drogas entre um grupo mais próximo e sensível às particularidades relativas ao gênero.

No trabalho de campo, também convidamos os usuários e as usuárias a conhecerem o Centro de Convivência, onde podemos entender melhor suas demandas e proporcionar os encaminhamentos adequados.

Festividades

O Projeto ResPire, do É de Lei, realiza intervenções de redução de danos em contextos de festas. O objetivo desse projeto é estimular a reflexão, o auto cuidado e o conhecimento sobre o uso de drogas em contextos de festas, visando a promoção de saúde.

Além das ações de acompanhamento terapêutico de pessoas que estejam tendo experiências negativas relacionadas ao uso de drogas nas festas, o ResPire também promove ações de prevenção, formação e disseminação de informações sobre o uso de substâncias psicoativas.


No trabalho de campo, também convidamos os usuários e as usuárias a conhecerem o Centro de Convivência, onde podemos entender melhor suas demandas e proporcionar os encaminhamentos adequados.